A Light e a Cemig lançaram em outubro um projeto avançado de P&D em smart grid, em parceria com fabricantes de equipamentos e centros acadêmicos. Com investimentos de R$ 65 milhões, o trabalho vai replicar estudos em desenvolvimento nos EUA e na Europa e experimentar outras ferramentas nunca testadas nos demais países.
Uma das novidades do estudo brasileiro é a aplicação de certificação digital no sistema inteligente. A ideia é garantir a segurança da informação colhida pelos medidores eletrônicos com relação à confiabilidade dos dados apurados, impedindo a ação de hackers.
Em âmbito mundial, os equipamentos de certificação digital são instalados apenas nos gateways (portas de ligação) da rede. No trabalho das distribuidoras brasileiras, o equipamento será utilizado em toda a ligação, “fim a fim”. “É uma garantia de que o índice que sair da medição chegará 100% íntegro à distribuidora, fora de risco de ataques de terceiros”, explica o assessor da diretoria de Distribuição da Light, Fábio Toledo, um dos coordenadores do estudo.
Economia
O projeto brasileiro também estudará uma solução que poderá reduzir os custos do smart grid, uma das barreiras para a implantação da tecnologia. Os pesquisadores tentarão desenvolver um sistema de medição padronizado, compatível com todos os medidores digitais. Isso vai permitir o aumento de escala no mercado de medidores, barateando os aparelhos.
Outra linha da pesquisa será o combate às perdas comerciais, um dos maiores problemas do setor de distribuição no país. Será mais difícil violar os equipamentos. “Vamos reduzir o índice de perdas para o menor nível possível”, afirma Toledo.
A Light possui um dos mais altos índices de perdas globais do Brasil, de 21,75%.
Parcerias
O projeto de Light e Cemig é desenvolvido em parceria com a fabricante de medidores CAS Tecnologia e os institutos tecnológicos Lactec e CPqD. E as distribuidoras ainda querem firmar parceria com o Inmetro.
Os investimentos serão feitos no âmbito do programa de P&D da Aneel. Dessa forma, além de utilizar recursos específicos para essa finalidade, os pesquisadores acreditam numa integração maior com a agência sobre o assunto, já que ela terá de aferir o resultado dos estudos.
Outro ponto interessante, salienta Toledo, é que os medidores digitais desenvolvidos no projeto serão totalmente compatíveis com as exigências propostas pela Aneel e colocadas em consulta pública até 17 de dezembro. Os equipamentos informarão ao cliente o consumo atual em quilowatt-hora e em reais, além de indicar uma estimativa do valor da conta de luz no fim do mês, com base no consumo acumulado.
Estudo por três anos
O projeto será realizado com 2.300 consumidores, sendo 300 da Light e 2 mil da companhia mineira. Durante os três anos do estudo, os clientes escolhidos receberão a conta de luz convencional e uma outra por meio da medição digital.
No Rio de Janeiro, serão selecionados clientes nas zonas Oeste e Sul, na Baixada Fluminense e em áreas onde foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Já em Minas Gerais, todos os consumidores serão de Sete Lagoas, onde a Cemig mantém projetos de pesquisa em andamento.
“O projeto de smart grid está dentro de um programa maior, chamado Cidade do Futuro, no qual também avaliamos sistemas de iluminação por LED, automação de rede e de subestações, entre outros”, conta o superintendente de Engenharia da Distribuição da Cemig, Denys Claudio Cruz de Souza.
De acordo com a Aneel, estão em andamento sete projetos de smart grid, com recursos do programa de P&D da agência, desenvolvidos por Energisa Minas Gerais (MG), Ampla (RJ), Coelce (CE), Celg (GO), Bandeirante Energia (SP), Amazonas Energia (AM) e Eletrobras Distribuição Alagoas (AL), num valor total de aproximadamente R$ 30 milhões. Além disso, o MME tem um grupo de trabalho dedicado às tecnologias de redes inteligentes.
10 de novembro de 2010 — Márcio Alcântara
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