A ideia é interessante, e outros governos devem estar desenvolvendo ou já terem desenvolvidos programas na mesma linha. Assim como o ar na Primeira Guerra Mundial e o espaço durante os anos 70-80, a internet está se tornando um quinto palco de guerra e isso é e deve ser uma preocupação para os governos. Mas há três riscos enormes associados ao tal vírus:
Primeiro, o risco estratégico: ninguém sabe exatamente onde estão as linhas geográficos na internet. Se um tanque de guerra do Suriname cruzar a fronteira brasileira, o governo saberá que está sendo atacado porque as linhas de fronteira geopolíticas estão claramente definidas. Na internet isso não existe. Óbvio que o governo japonês sabe quais são seus computadores e, pode até saber quais são os computadores do governo inimigo, mas esses são os extremos.
Os computadores do governo japonês são o equivalente ao Palácio do Planalto no mundo real. Mas até o tanque do Suriname chegar ao Planalto, ele terá passado por milhares de quilômetros de território nacional que não pertencem ao governo, mas a milhões de pessoas na iniciativa privada. Ou o governo japonês terá de disponibilizar esse vírus aos japoneses e aceitar o enorme risco de deixar a cargo deles decidir quando e contra quem usar tal vírus (o que é improvável, já que seria a mesma coisa de dar um canhão para cada brasileiro para combater a eventual possibilidade de serem atacados por um tanque estrangeiro, e esperar que eles não usem tal canhão para mais nada), ou só usará quando seus computadores estiverem sendo atacados, o que é equivalente a somente contra-atacar quando o tanque estrangeiro já houver começado a atirar dentro do Planalto, o que pode ser muito tarde, já que os ataques inimigos se darão contra sistemas financeiros, de saneamento, de controle de usinas de energia, de controle de transporte etc, e quase todos eles residem nas mãos da iniciativa privada.
Segundo, o risco operacional: o vírus pode ser usado contra inimigos, mas como para-lo e impedi-lo de ser usado contra outros que não o inimigo? E como ter certeza de que ele apenas será usado em casos de ataque direto e não será apropriado pelo inimigo para causar danos ainda maiores contra o próprio governo japonês? Vírus são programas, programas são linhas de códigos desenvolvidos por seres humanos. Seres humanos são factíveis de erros. Quem nunca experimentou um problema com algum software que atire a primeira pedra. Óbvio que ninguém ainda sabe onde estarão as vulnerabilidades desse vírus, mas elas existirão e poderão ser usadas em uma contraofensiva do inimigo ou por um terceiro governo ou parte.
Por fim, há o risco democrático: o vírus foi desenvolvido para atacar máquinas inimigas, mas o que é um inimigo? Na internet, o inimigo não está operando necessariamente além das fronteiras nacionais. O inimigo pode estar dentro de seu território. Isso legitimaria o uso de tal vírus contra máquina locais? E o que é um inimigo legítimo? Na Síria e na Líbia, os governos viram movimentos civis como inimigos. Um vírus como esse pode, em última instância, acabar sendo usado para paralisar movimentos democráticos.
Fonte: vhttp://direito.folha.com.br/
Vale a pena ler de novo.
Brasil terá Centro de Defesa Cibernética
Primeiro, o risco estratégico: ninguém sabe exatamente onde estão as linhas geográficos na internet. Se um tanque de guerra do Suriname cruzar a fronteira brasileira, o governo saberá que está sendo atacado porque as linhas de fronteira geopolíticas estão claramente definidas. Na internet isso não existe. Óbvio que o governo japonês sabe quais são seus computadores e, pode até saber quais são os computadores do governo inimigo, mas esses são os extremos.
Os computadores do governo japonês são o equivalente ao Palácio do Planalto no mundo real. Mas até o tanque do Suriname chegar ao Planalto, ele terá passado por milhares de quilômetros de território nacional que não pertencem ao governo, mas a milhões de pessoas na iniciativa privada. Ou o governo japonês terá de disponibilizar esse vírus aos japoneses e aceitar o enorme risco de deixar a cargo deles decidir quando e contra quem usar tal vírus (o que é improvável, já que seria a mesma coisa de dar um canhão para cada brasileiro para combater a eventual possibilidade de serem atacados por um tanque estrangeiro, e esperar que eles não usem tal canhão para mais nada), ou só usará quando seus computadores estiverem sendo atacados, o que é equivalente a somente contra-atacar quando o tanque estrangeiro já houver começado a atirar dentro do Planalto, o que pode ser muito tarde, já que os ataques inimigos se darão contra sistemas financeiros, de saneamento, de controle de usinas de energia, de controle de transporte etc, e quase todos eles residem nas mãos da iniciativa privada.
Segundo, o risco operacional: o vírus pode ser usado contra inimigos, mas como para-lo e impedi-lo de ser usado contra outros que não o inimigo? E como ter certeza de que ele apenas será usado em casos de ataque direto e não será apropriado pelo inimigo para causar danos ainda maiores contra o próprio governo japonês? Vírus são programas, programas são linhas de códigos desenvolvidos por seres humanos. Seres humanos são factíveis de erros. Quem nunca experimentou um problema com algum software que atire a primeira pedra. Óbvio que ninguém ainda sabe onde estarão as vulnerabilidades desse vírus, mas elas existirão e poderão ser usadas em uma contraofensiva do inimigo ou por um terceiro governo ou parte.
Por fim, há o risco democrático: o vírus foi desenvolvido para atacar máquinas inimigas, mas o que é um inimigo? Na internet, o inimigo não está operando necessariamente além das fronteiras nacionais. O inimigo pode estar dentro de seu território. Isso legitimaria o uso de tal vírus contra máquina locais? E o que é um inimigo legítimo? Na Síria e na Líbia, os governos viram movimentos civis como inimigos. Um vírus como esse pode, em última instância, acabar sendo usado para paralisar movimentos democráticos.
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